Vesícula biliar e cálculos biliares

A vesícula biliar é um pequeno órgão, mas desempenha um papel crucial no nosso sistema digestivo, ajudando na digestão de gorduras. No entanto, quando surgem problemas como os cálculos biliares, podem causar desconforto significativo e necessitar de atenção médica. Neste artigo, vamos explorar o que são a vesícula biliar e os cálculos biliares, os sintomas a observar e como são diagnosticados.

O que é a vesícula biliar?

A vesícula biliar é um pequeno órgão em formato de pêra, localizado sob o fígado. Sua principal função é armazenar a bile, um líquido produzido pelo fígado que ajuda na digestão de gorduras. A vesícula não produz a bile, somente armazena.

A bile que é produzida no fígado, passa por canais biliares do fígado (ductos hepáticos e colédoco), e vai diretamente para o intestino (o duodeno), ou entra no interior da vesícula através de um canal chamado ducto cístico, para que seja armazenada.

Quando comemos – especialmente alimentos ricos em gordura – a vesícula se contrai, a bile retorna para o intestino (duodeno) através do ducto cístico e do colédoco, para auxiliar na digestão e absorção de gorduras e vitaminas.

O que são cálculos (ou pedras) biliares?

As pedras na vesícula, também chamadas de cálculos biliares, geralmente se formam devido a um desequilíbrio nas substâncias presentes na bile, que é produzida pelo fígado e armazenada na vesícula biliar. A bile é essencial para digestão e absorção de gorduras e algumas vitaminas. A maioria dos cálculos é formado de colesterol ou bilirrubina e podem variar em número e tamanho, desde um grão de areia até uma bola de gude.

Existem alguns fatores que podem predispor ao desenvolvimento de cálculos na vesícula biliar (colelitíase) como:

  • Dieta rica em gorduras e pobre em fibras: uma alimentação com alto teor de gordura e baixa ingesta de fibras pode aumentar a produção de colesterol, que é um dos componentes dos cálculos biliares.
  • História familiar de colelitíase
  • Obesidade
  • Gravidez
  • Sexo feminino
  • Diabetes
  • Rápida perda de peso (como por exemplo em pacientes submetidos à cirurgia bariátrica ou pacientes em uso de medicamentos para tratamento da obesidade, como Ozempic), dentre outros fatores de risco.

Cálculos biliares acometem aproximadamente 15% da população adulta mundial e a incidência de cálculos biliares em pacientes submetidos a cirurgia bariátrica é de 53%.

Sintomas dos cálculos biliares

Os sintomas do cálculo na vesícula biliar podem ser assintomáticos variar de pessoa para pessoa e podem incluir:

  • Dor abdominal: Geralmente localizada no quadrante superior direito do abdômen, abaixo das costelas. A dor pode ser intermitente ou constante e pode irradiar para as costas ou para o ombro direito.
  • Náusea e vômito: Pode ocorrer como resultado da dor abdominal intensa.
  • Indigestão: Algumas pessoas podem experimentar desconforto abdominal e sensação de inchaço após comer, especialmente refeições gordurosas.
  • Febre: Nos casos em que há infecção em consequência do cálculo - colecistite aguda
  • Icterícia: Quando um cálculo na vesícula biliar bloqueia o ducto biliar, pode ocorrer icterícia, que é a coloração amarelada da pele e dos olhos.

É importante ressaltar que nem todas as pessoas com cálculos biliares apresentam sintomas. Além disso, os sintomas podem ser semelhantes aos de outras condições médicas, portanto, é essencial consultar um médico para um diagnóstico adequado.

Diagnóstico dos cálculos biliares

O diagnóstico de cálculos biliares geralmente envolve um exame físico e testes de imagem, como ultrassonografia ou tomografia computadorizada. Esses exames ajudam a visualizar a presença de cálculos e avaliar a saúde geral da vesícula biliar.

Prevenção e gerenciamento

Embora nem todos os cálculos biliares possam ser prevenidos, algumas mudanças no estilo de vida podem ajudar a reduzir o risco de desenvolvê-los:

  • Manter um peso saudável através de dieta e exercício;
  • Optar por uma dieta rica em fibras e baixa em gorduras saturadas;
  • Beber bastante água ao longo do dia.

O que pode acontecer com quem desenvolve cálculos biliares?

Quem desenvolve cálculos biliares pode experimentar uma variedade de consequências, dependendo da presença ou ausência de sintomas, bem como da localização e tamanho das pedras. Aqui estão os cenários mais comuns:

  • Cólica biliar: Dor intensa no abdômen superior direito, muitas vezes desencadeada pela ingestão de alimentos gordurosos. A dor pode durar de alguns minutos a várias horas.
  • Colecistite: Inflamação da vesícula biliar, geralmente causada por cálculos biliares que bloqueiam o ducto da vesícula. Pode causar dor severa, febre e, em alguns casos, a vesícula pode inflamar.
  • Coledocolitíase: Presença de cálculos biliares no ducto biliar comum, o canal que transporta a bile do fígado e da vesícula biliar para o intestino delgado, podendo causar obstrução e complicações como infecções e icterícias.
  • Colangite: Inflamação dos ductos biliares, que pode levar a infecções graves e danos ao fígado.
  • Pancreatite aguda biliar: Os cálculos podem, em raras ocasiões, bloquear o ducto pancreático, levando à inflamação do pâncreas.

Tenho que operar sempre?

Nem todos os casos de cálculos biliares exigem tratamento cirúrgico imediato. A decisão pelo tratamento cirúrgico vai depender de alguns fatores como o tamanho dos cálculos, a presença de sintomas e condições clínicas do paciente. Quando os cálculos geram sintomas (conhecido como cólica biliar), postergar a cirurgia pode desencadear complicações graves.

Descobri que tenho cálculos na vesícula, mas não tenho sintomas. Tenho que operar?

A decisão de tratar casos assintomáticos de cálculos na vesícula depende de vários fatores, incluindo o tamanho e o número dos cálculos, bem como o histórico clínico do paciente. Geralmente, os cálculos na vesícula que não causam sintomas não são tratados de imediato, mas em alguns há indicação de realizar a cirurgia para retirada da vesícula (colecistectomia):

  • Anemias hemolíticas, como anemia falciforme
  • Vesícula em porcelana - calcificação da parede da vesícula biliar, que é um fator de risco para câncer de vesícula.
  • Cálculos maiores que 2.5cm
  • Microlitíase - não há indicação absoluta de tratamento cirúrgico mas deve ser avaliado cuidadosamente devido ao risco de coledocolitíase e pancreatite aguda biliar
  • Pacientes diabéticos e que fazem uso de medicações imunossupressoras tem maior risco de colecistite aguda grave (infecção da vesícula biliar causada por cálculos)
  • Presença concomitante de cálculos e pólipos de vesícula biliar - ligado a um maior risco de câncer de vesícula.

Em resumo, a abordagem terapêutica dos cálculos na vesícula biliar assintomática é individualizada e compartilhada, levando em consideração riscos e benefícios, e a decisão de tratamento deve ser feita sempre em conjunto entre o paciente e o médico.

Conclusão

A vesícula biliar desempenha um papel importante na digestão, mas os cálculos biliares podem causar problemas significativos se não forem tratados. Reconhecer os sintomas e procurar avaliação médica pode ajudar a evitar complicações futuras. Se você tiver sintomas ou preocupações relacionadas a cálculos biliares, entre em contato com um médico para obter orientação e tratamento adequados.

Tópicos: