Cirurgia de hérnia umbilical: quando operar, recuperação e riscos

Entenda quando a cirurgia é necessária, como é feita e o que esperar da recuperação

07/10/2025

A cirurgia de hérnia umbilical é o único tratamento definitivo para essa condição. Mas quando exatamente é necessário operar? Toda hérnia precisa de cirurgia imediata? Neste artigo, você encontrará informações detalhadas sobre indicações cirúrgicas, técnicas utilizadas, recuperação e riscos envolvidos.

Quando é necessário operar hérnia umbilical?

A decisão de operar depende de vários fatores, e nem toda hérnia umbilical requer cirurgia imediata.

Indicações absolutas para cirurgia

Situações em que a cirurgia é obrigatória e urgente:

  • Hérnia estrangulada: comprometimento do suprimento sanguíneo
  • Hérnia encarcerada com sintomas: dor intensa, náuseas, vômitos
  • Obstrução intestinal: causada pela hérnia
  • Sinais de sofrimento intestinal: peritonite, febre, sepse

Nestes casos, a cirurgia deve ser realizada em caráter de emergência, preferencialmente nas primeiras 6 horas.

Indicações eletivas (cirurgia programada)

Situações em que a cirurgia é fortemente recomendada:

  1. Hérnias sintomáticas: dor, desconforto significativo
  2. Hérnias irredutíveis: não voltam mesmo sem sintomas graves
  3. Hérnias que crescem progressivamente: risco de complicações aumenta
  4. Hérnias > 1-2 cm: risco de encarceramento é maior
  5. Impacto na qualidade de vida: limitação de atividades, preocupação estética
  6. Pacientes em diálise peritoneal: risco de peritonite
  7. Cirrose com ascite controlada: antes que ascite piore

Situações de vigilância ativa

Em alguns casos específicos, pode-se adiar a cirurgia com acompanhamento:

  • Hérnias muito pequenas (< 1 cm) e assintomáticas
  • Pacientes com risco cirúrgico muito alto: descompensação cardíaca, cirrose avançada
  • Gravidez em curso: geralmente espera-se o parto (exceto em complicações)
  • Obesidade mórbida: perda de peso antes da cirurgia reduz complicações

Importante: Vigilância ativa não significa ignorar a hérnia. Requer acompanhamento médico regular e cuidados específicos e atenção a sinais de complicação.

Qual o tamanho de hérnia umbilical precisa operar?

O tamanho é um fator importante, mas não é o único critério.

Critérios de tamanho

  • < 1 cm: hérnias muito pequenas podem ser acompanhadas se assintomáticas
  • 1-2 cm: geralmente indicação cirúrgica eletiva
  • > 2 cm: indicação cirúrgica mais clara, risco de complicações aumenta
  • > 5 cm: hérnias grandes requerem técnicas cirúrgicas mais complexas

Por que o tamanho importa?

Hérnias pequenas (< 1 cm):

  • Menor risco de encarceramento (mas não zero)
  • Podem ser reparadas sem tela em alguns casos
  • Risco aumenta se sintomáticas ou irredutíveis

Hérnias médias (1-5 cm):

  • Risco moderado de complicações
  • Geralmente requerem tela para reparo
  • Cirurgia eletiva recomendada

Hérnias grandes (> 5 cm):

  • Maior risco de complicações cirúrgicas
  • Podem causar “perda de domicílio” (conteúdo fica permanentemente fora)
  • Podem requerer técnicas de reconstrução mais complexas
  • Cirurgia é mais desafiadora, mas necessária

Tamanho do defeito vs. tamanho da hérnia

É importante distinguir:

  • Tamanho do defeito: abertura na parede abdominal (mais importante cirurgicamente)
  • Tamanho da protrusão: quanto “sai” através do defeito

Um defeito pequeno com protrusão grande pode ter maior risco de estrangulamento (“colo estreito”).

Como sei se preciso operar hérnia umbilical?

Avaliação médica

Um cirurgião avaliará:

  1. Exame físico: tamanho, redutibilidade, conteúdo da hérnia
  2. Sintomas: dor, desconforto, limitação de atividades
  3. Exames de imagem: ultrassonografia ou tomografia se necessário
  4. Fatores de risco: para complicações e para cirurgia
  5. Preferências do paciente: impacto na qualidade de vida

Perguntas que o médico pode fazer

  • Há quanto tempo você tem a hérnia?
  • Ela está crescendo?
  • Você sente dor ou desconforto?
  • Consegue empurrá-la de volta?
  • Já teve episódios de “travamento”?
  • Limita suas atividades diárias?
  • Você tem outras condições médicas?

Exames complementares

Ultrassonografia:

  • Confirma diagnóstico
  • Avalia tamanho do defeito
  • Identifica conteúdo da hérnia (gordura, intestino)
  • Avalia redutibilidade

Tomografia computadorizada:

  • Hérnias complexas ou grandes
  • Planejamento cirúrgico detalhado
  • Avaliação de complicações

Não são necessários na maioria dos casos: O diagnóstico é geralmente clínico.

Cirurgia de hérnia umbilical: como é feita?

Existem duas técnicas principais: cirurgia aberta e cirurgia laparoscópica.

Cirurgia aberta (convencional)

Como é feita:

  1. Incisão: 3-5 cm ao redor do umbigo ou semicircular infraumbilical
  2. Identificação do defeito: separação do saco herniário da pele
  3. Redução do conteúdo: intestino ou gordura são reposicionados
  4. Fechamento do defeito: sutura dos músculos
  5. Colocação de tela: para defeitos > 1 cm (recomendação atual)
  6. Fechamento da pele: sutura ou cola cirúrgica

Anestesia: Local com sedação ou raquianestesia/geral

Duração: 30-60 minutos (hérnias simples)

Cirurgia laparoscópica (videolaparoscopia)

Como é feita:

  1. Incisões pequenas: 2-3 cortes de 5-10 mm no abdômen
  2. Insuflação de CO2: criação de espaço para trabalhar
  3. Visualização por câmera: vídeo em alta definição
  4. Redução do conteúdo: por dentro da cavidade
  5. Colocação de tela: por dentro, cobrindo o defeito
  6. Fixação da tela: com grampos ou cola cirúrgica

Anestesia: Geral obrigatória

Duração: 45-90 minutos

Cirurgia aberta vs. laparoscópica: comparação

Critério Aberta Laparoscópica
Incisão Uma, 3-5 cm Múltiplas, 5-10 mm
Anestesia Local/Raqui/Geral Geral obrigatória
Dor pós-operatória Moderada Leve a moderada
Retorno a atividades 2-4 semanas 1-2 semanas
Recidiva 5-10% (com tela) 3-5%
Custo Menor Maior
Melhor para Hérnias pequenas/médias Hérnias recorrentes, múltiplas

Quando usar tela na cirurgia?

Recomendação atual da literatura:

  • Defeitos < 1 cm: sutura simples pode ser suficiente
  • Defeitos > 1 cm: tela reduz significativamente risco de recidiva (de 20-30% para 5-10%)
  • Hérnias recorrentes: tela obrigatória

Tipo de tela:

  • Polipropileno: mais comum, durável
  • Telas biológicas: casos selecionados (infecção, contaminação)
  • Telas absorvíveis: uso limitado

Medo de “corpo estranho”: A tela é incorporada pelo organismo em 3-6 meses, tornando-se parte da parede abdominal.

Quanto tempo de internação para cirurgia de hérnia umbilical?

Cirurgia eletiva (programada)

Regime ambulatorial ou hospital-dia:

  • Alta no mesmo dia: maioria dos casos
  • Chegada: 1-2 horas antes do horário cirúrgico
  • Cirurgia: 30-90 minutos
  • Recuperação anestésica: 2-4 horas
  • Alta: após recuperação completa da anestesia, aceitação de dieta, ausência de complicações

Internação de 1 dia (menos comum):

  • Pacientes com comorbidades
  • Cirurgias mais complexas
  • Preferência do cirurgião ou paciente

Cirurgia de emergência (estrangulamento)

Internação prolongada:

  • Mínimo 2-3 dias: para observação
  • Até 7-10 dias: se houver ressecção intestinal, infecção
  • Internação em UTI: casos graves com sepse

Recuperação: quanto tempo para se recuperar?

A recuperação varia conforme a técnica cirúrgica e características do paciente.

Primeiros dias após a cirurgia

Dia 0-1 (cirurgia e primeiro dia):

  • Dor: leve a moderada, controlada com analgésicos
  • Atividade: repouso relativo, caminhar em casa é encorajado
  • Alimentação: dieta leve, evitar alimentos que causam gases
  • Curativos: manter limpo e seco

Dias 2-7:

  • Dor: diminui progressivamente
  • Atividade: caminhadas leves, atividades domésticas leves
  • Retorno ao trabalho: trabalhos leves/sedentários após 7 dias
  • Curativo: pode ser removido conforme orientação médica
  • Banho: geralmente liberado após 48h

Primeira semana (7-14 dias)

  • Retorno ao trabalho: maioria dos trabalhos sedentários
  • Atividades leves: dirigir curtas distâncias (se sem dor)
  • Esforços: ainda evitar levantar peso > 5 kg
  • Exercícios: caminhadas leves são encorajadas

Primeiras semanas (2-4 semanas)

  • Retorno ao trabalho completo: incluindo trabalhos moderados
  • Atividades físicas leves: yoga, pilates, natação leve
  • Esforços moderados: gradualmente retomar atividades normais
  • Dirigir: sem restrições se sem dor

Recuperação completa (4-6 semanas)

  • Atividades físicas intensas: academia, corrida, esportes de contato
  • Levantar peso: progressivamente, sem restrições após 6 semanas
  • Trabalho físico pesado: retorno completo
  • Exercícios abdominais: sem restrições

Fatores que influenciam a recuperação

Recuperação mais rápida:

  • Cirurgia laparoscópica
  • Hérnias pequenas
  • Paciente jovem e saudável
  • Sem comorbidades
  • Boa nutrição

Recuperação mais lenta:

  • Cirurgia aberta
  • Hérnias grandes ou complexas
  • Idade avançada
  • Diabetes, obesidade
  • Cirurgia de emergência (estrangulamento)

Quais os riscos da cirurgia de hérnia umbilical?

Como toda cirurgia, existem riscos, mas a cirurgia de hérnia umbilical é considerada segura com baixa taxa de complicações.

Riscos comuns (5-10%)

Hematoma/seroma:

  • Acúmulo de sangue ou líquido no local da cirurgia
  • Geralmente resolve espontaneamente
  • Pode requerer punção se volumoso

Dor crônica:

  • Dor persistente > 3 meses: 2-5% dos casos
  • Geralmente leve e melhora com tempo
  • Relacionada à tela ou fibrose

Infecção superficial:

  • 1-3% dos casos
  • Tratada com antibióticos
  • Raramente requer remoção de tela

Riscos incomuns (< 5%)

Infecção profunda/tela:

  • Pode requerer antibiótico prolongado
  • Raramente necessita remoção de tela

Recidiva (retorno da hérnia):

  • Com tela: 5-10% em 5 anos
  • Sem tela (defeitos > 1cm): 20-30%
  • Mais comum em fumantes, obesos, diabéticos

Lesão intestinal:

  • Muito rara em cirurgia eletiva (< 0,1%)
  • Mais comum em cirurgia de emergência ou hérnias aderidas

Riscos raros (< 1%)

  • Lesão de bexiga (hérnias grandes)
  • Trombose venosa profunda
  • Embolia pulmonar
  • Complicações anestésicas graves

Mortalidade

Cirurgia eletiva: < 0,1% (extremamente segura)

Cirurgia de emergência: 5-15% (especialmente idosos com comorbidades)

Conclusão: A cirurgia eletiva é muito mais segura que esperar complicações.

O que é mais perigoso: operar ou não operar?

Esta é uma pergunta fundamental que muitos pacientes fazem.

Riscos de NÃO operar

  1. Encarceramento: 10-20% ao longo da vida
  2. Estrangulamento: 2-5% ao longo da vida
  3. Cirurgia de emergência: mortalidade 5-15% vs. < 0,1% eletiva
  4. Ressecção intestinal: 20-30% em estrangulamento vs. < 0,1% eletiva
  5. Qualidade de vida: dor, limitação, preocupação constante
  6. Aumento progressivo: hérnias tendem a crescer com o tempo

Riscos de operar

  1. Mortalidade cirurgia eletiva: < 0,1%
  2. Complicações maiores: < 5%
  3. Recidiva: 5-10% com tela
  4. Dor crônica: 2-5%
  5. Tempo de recuperação: 2-6 semanas

O veredito

Para a maioria dos pacientes, operar eletivamente é mais seguro que aguardar complicações.

Exceções:

  • Risco cirúrgico extremamente alto (descompensação cardíaca grave, cirrose Child C)
  • Hérnias muito pequenas e assintomáticas em pacientes idosos com múltiplas comorbidades

Melhor abordagem: Consulte um cirurgião para avaliação individualizada do seu caso.

Diferença entre cirurgia eletiva e de emergência

Aspecto Cirurgia Eletiva Cirurgia de Emergência
Momento Programada, com preparo Imediata, sem preparo
Indicação Hérnia sintomática/crescente Estrangulamento, encarceramento
Preparo Jejum, exames, otimização Mínimo ou nenhum
Anestesia Local/Raqui/Geral (escolha) Geral obrigatória
Complexidade Menor Maior (aderências, isquemia)
Ressecção intestinal < 0,1% 20-30%
Internação Ambulatorial ou 1 dia 2-10 dias
Mortalidade < 0,1% 5-15%
Recuperação 2-6 semanas 4-12 semanas
Complicações 5-10% 20-40%

Mensagem principal: Não espere complicações. Cirurgia eletiva é muito mais segura.

Perguntas frequentes

Posso escolher não operar?

Sim, mas com acompanhamento médico. Hérnias assintomáticas e pequenas podem ser acompanhadas, mas você deve estar ciente dos riscos e sinais de complicação.

A cirurgia é muito dolorosa?

A dor é geralmente leve a moderada e bem controlada com analgésicos simples. A maioria dos pacientes relata dor menor que esperavam.

Quando posso voltar a trabalhar?

  • Trabalho sedentário: 7-14 dias
  • Trabalho moderado: 2-4 semanas
  • Trabalho físico pesado: 4-6 semanas

Quando posso fazer exercícios?

  • Caminhadas leves: imediatamente
  • Exercícios leves: 2-3 semanas
  • Academia/corrida: 4-6 semanas
  • Esportes de contato: 6-8 semanas

A hérnia pode voltar após a cirurgia?

Sim, mas é incomum. Com tela, recidiva ocorre em 5-10% dos casos em 5 anos. Fatores de risco: tabagismo, obesidade, diabetes, não seguir recomendações pós-operatórias.

É possível operar hérnia umbilical grávida?

Geralmente espera-se o parto, exceto em casos de complicações (estrangulamento). Gravidez não é contraindicação absoluta, mas cirurgia eletiva é adiada para após o parto.

A tela pode dar problema?

Complicações relacionadas à tela são raras (< 5%). A tela é incorporada pelo organismo e se torna parte da parede abdominal. Infecção de tela requerendo remoção ocorre em < 1% dos casos.

Conclusão

A cirurgia de hérnia umbilical é o único tratamento definitivo, e cirurgia eletiva programada é muito mais segura que aguardar complicações. A decisão de operar deve considerar tamanho da hérnia, sintomas, risco de complicações e impacto na qualidade de vida.

Pontos-chave para lembrar:

  • Hérnias > 1 cm geralmente requerem cirurgia
  • Cirurgia eletiva tem mortalidade < 0,1%
  • Cirurgia de emergência tem mortalidade 5-15%
  • Recuperação completa em 4-6 semanas
  • Tela reduz recidiva significativamente
  • Complicações são raras e geralmente menores

Se você tem hérnia umbilical, não adie a avaliação médica. O diagnóstico precoce e cirurgia eletiva permitem melhores resultados e recuperação mais rápida.

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